Para Inspirar
Quem são os jovens evangélicos que buscam quebrar a imagem conservadora atrelada ao dogma e deixar velhos preconceitos no passado
31 de Janeiro de 2024
A Igreja Evangélica possui uma força ímpar em um
país como o Brasil: de um lado, reúne hordas de seguidores, ocupa cadeiras
políticas importantes e não para de crescer. Por outro, gera desconfiança, é
constantemente atrelada a preconceitos e conservadorismos e levanta dúvidas
quanto às suas correntes.
Neste artigo, vamos te explicar um pouco mais sobre o surgimento dessa religião e como os jovens evangélicos estão buscando quebrar velhos paradigmas e revolucionar a imagem dessa filosofia.
A história da Igreja Evangélica é longa, porque
caminha junto com a história da reforma protestante ainda no século 16, como conta esse artigo da BBC. Mesmo aqui no Brasil, as diferentes correntes
também começaram a chegar na mesma época, mas se consolidaram de verdade no
século 19 graças à abertura dos portos brasileiros às nações amigas e maior liberdade
religiosa.
Da reforma protestante mencionada,
surgiram os chamados protestantes, pois protestavam contra as imposições da
Igreja Católica na época. De lá para cá, essa grande vertente se dividiu em
três outras menores: os protestantes históricos, os pentecostais e os
neopentecostais.
Ainda segundo a BBC, no Brasil,
os protestantes históricos incluem as igrejas Luterana, Batista, Presbiteriana,
Metodista, Episcopal, entre outras. Os pentecostais tem entre seus integrantes
Assembleia de Deus, Deus é Amor, Evangelho Quadrangular e Congregação Cristã do
Brasil. Por fim, os neopentecostais incluem Renascer em Cristo, Igreja
Universal do Reino de Deus, Sara Nossa Terra, Igreja Internacional da Graça de
Deus e Igreja Mundial do Poder de Deus.
Atualmente, segundo dados do
Datafolha de 2016, a cada 100 evangélicos, 44 são ex-católicos. Desses 100, 34
são da Assembleia de Deus, 17 são de igrejas que não pertencem a nenhuma grande
denominação, 11 da Igreja Batista, oito da Universal, seis da Congregação
Cristã do Brasil, cinco da Quadrangular, três da Deus é Amor, dois da
Adventista e dois da Presbiteriana, entre outros.
Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) feito em 2021 revelou que as 87,5 mil igrejas evangélicas com CNPJ
representavam sete em cada dez estabelecimentos religiosos formalizados no
país, enquanto católicas eram 11% do total.
Isso representa um aumento imenso em relação a
1998, primeiro ano contemplado na pesquisa.
Os locais de culto evangélicos
somavam então 26,6 mil, ou 54,5% do todo. O pentecostalismo e sua variante
neopentecostal dominam o bolo religioso. São as pequenas igrejas, "aquelas
de bairro", que puxam o crescimento - como conta o jornal Folha de São Paulo.
Como você pôde perceber, a religião evangélica
evoluiu muito em pouco tempo, principalmente se comparada à história do
catolicismo, que se mantém bastante uniforme há centenas de anos. O primeiro
deputado evangélico brasileiro, para se ter uma ideia, foi o pastor da Igreja Metodista, Guaracy Silveira.
Ele chegou à Assembleia
Constituinte em 1930, ou seja, há menos de cem anos, com o objetivo de defender
os interesses dos protestantes e sua participação na política. Mas, suas
bandeiras eram bem modernas, por assim dizer, quando pensamos nos deputados evangélicos
atuais, declaradamente conservadores.
Guaracy Silveira era a favor do
divórcio e de aulas religiosas no ensino público, além de ter sido contra o uso
do nome de Deus na Constituição. De lá para cá, as pautas mudaram - e muito! -,
bem como a representação dos evangélicos na política: eles são 30% dos
eleitores e 20% da Câmara dos Deputados.
Se Guaracy apresentava ideias
hoje consideradas progressistas, nas últimas 9 décadas os evangélicos buscaram
se atrelar à pautas conservadoras. Mas, como toda história é cíclica na
história do mundo, ela parece estar girando novamente. Os jovens evangélicos
têm buscado criar um ambiente e um caminho livre de preconceitos e de exclusões
sem abandonar a palavra de seu Deus.
Um termo que ganhou força nos
últimos tempos é o de “webcrente”, que se inspirou em um outro termo mais
antigo: “webamizade”. Os dois trazem o prefixo web pois trata-se de relações
que se dão no ambiente virtual. A diferença é que o webcrente ainda tem um
outro objetivo, que é aproximar a comunidade jovem evangélica que busca se
encontrar nas redes sociais.
A hashtag nasceu em 2020, quando
o evento norteamericano "The Send" desembarcou em terras brasileiras pela
primeira vez. O movimento, como explica aGazeta do Povo, tem uma
premissa bastante literal: engajar e “enviar” cristãos “comprometidos a
transformar universidades, escolas e nações”.
O evento ficou entre os assuntos
mais comentados no Twitter durante os seus três dias de duração e ainda
levantou expressões específicas da teologia evangélica, além de comentários
sobre as atrações que estiveram presentes. Foi a partir daí que essa grande
comunidade evangélica, que buscava espaço para debater temas de seu interesse
no ambiente online, tomou impulso.
Apesar de ser difícil
estabelecer, exatamente, quando a expressão webcrente foi cunhada, a sua
criação é atribuída à mercadóloga Sara Fabiane, de 22 anos, frequentadora da
Igreja Batista da Lagoinha. “Eu sempre gostei de K-pop (pop coreano) e, graças
ao Twitter, encontrei outras meninas evangélicas que são fãs. Onde, além da
internet, eu encontraria crente que ouve K-pop? (...) [A hashtag] é só um jeito
de nos encontrarmos na rede. A gente não se encaixa no estereótipo do crente de
saia”, explicou ela à Gazeta do Povo.
Em uma pesquisa rápida no
Instagram, a hashtag apresenta mais de 50 mil resultados que vão de memes,
frases de efeito e até vídeos e um lifestyle cristão. Todos eles possuem a
juventude como centro. No TikTok não é diferente: são milhares de adeptos ao termo
e por lá, as trends (vídeos que são tendência e copiados pelos usuários) são
uma febre.
O Twitter, por fim, por ser
provavelmente o mais veloz de todos eles - afinal, não demanda grandes
produções ou edições de vídeo, - alavancou a presença evangélica a ponto de
impactar transformações no mercado - e no dia a dia das igrejas, explica o jornal.
“Quem está vendo de dentro tem a sensação de que é uma comunidade. Eu sempre insisto no Twitter que não é mais necessário ser um pastor ou alguém com títulos para compartilhar sua experiência, e isso abriu a porta para várias pessoas que estão ali e são cabeças pensantes. Às vezes, a comunidade webcrente faz mais barulho do que as personalidades cristãs que têm milhões de seguidores”, diz Bruna Santini, uma das influenciadoras mais populares desse universo.
Além de atraírem novos fiéis,
uma parte - e não toda, vale dizer - ainda busca trazer renovação para velhos
ensinamentos. Pastores como Henrique Vieira, deputado conhecido por debater pautas sociais e
apoiar governos de esquerda, é um dos nomes mais influentes nessa movimentação.
Gregory Rodrigues, pastor e homossexual, também é
um nome influente.
Outros nomes são o da atriz Bruna Marquezine e da cantora Priscila Alcântara - que chegou a se apresentar
no The Send e ter uma carreira toda focada na música gospel. Ambas rejeitam as
velhas diretrizes do movimento evangélico e já até foram alvos de duras
críticas de grandes figurões da religião.
Bruna contou a um podcast que deixou de ir à igreja, mas
continua com a sua fé. Priscila também buscou se desatrelar do universo gospel,
mas defende sempre que essa ruptura em nada abalou a sua conexão com o divino. Movida por essa falta de
identificação, a cantora Ludmilla criou suaprópria célula, nome dado
a um encontro promovido para expressar a fé e compartilhar leituras e a palavra
de Deus.
A comunidade webcrente não é
homogênea, mas seus principais representantes buscam se desvencilhar de
política ou de dualidades como esquerda e direita, ao passo que buscam discutir
temas atuais como racismo, homofobia e outros tipos de
representatividade.
Essa postura é conhecida como
“movimento calvinista reformado”, nascido nos Estados Unidos entre 2000 e 2010
e que busca combater os excessos das igrejas pentecostais e neopentecostais. Os
webcrentes são profundamente ortodoxos na essência. Este crente contemporâneo
não rejeita o debate moderado, então sempre haverá conflito se um pastor fizer
o antigo combo de reacionarismo e fé”, avalia Eric Balbinus, ex-integrante do
Movimento Brasil Livre (MBL), à Gazeta do Povo.
“O crente tende a ser mais
conservador, mas o progressismo está ganhando espaço. Eu sou um cara de direita
que sei que tenho que tomar muito cuidado com o que digo porque a galera pode
se ofender. A maioria defende pautas sociais a partir de forças do governo,
defende redistribuição de renda, entre outras medidas; mas aceita dialogar com
quem tem uma produção teológica respeitável” pontua Yago Martins, 28, pastor e
dono do canal Dois Dedos de Teologia ao mesmo jornal.
Em 2020, a Aliança Nacional
LGBTI+, movimento que reúne entidades políticas e religiosas, informou que
acionou Ana Paula Valadão na Justiça por homofobia,
comparando a fala da pastora, que defendia ser a Aids uma punição divina para a união
homoafetiva, aos discursos de Adolf Hitler, como contou o jornal El País.
Nesse mesmo ano, movimentos de
evangélicos progressistas, como "Cristãos Contra o Fascismo" e "Evangélicxs pela Diversidade",
articularam candidaturas coletivas em várias cidades buscando fazer oposição ao
fundamentalismo religioso. Em São Paulo, o pastor batista Marco Davi de
Oliveira coordena um grupo de estudos sobre raça e evangelho com o objetivo de
combater o racismo dentro da igreja, enquanto a pastora metodista Lídia Maria
de Lima organiza eventos religiosos para fazer um alerta sobre a violência
doméstica e praticar o que chama de "teologia feminista”, como conta a BBC.
Os exemplos são muitos e não
param de crescer. O fato é que esse despertar parece ter vindo para ficar e,
porque não, renovar os ares dessa filosofia que tem a fé como principal
combustível, mas que ainda possui velhos preconceitos em suas engrenagens. Há
espaço para todas as crenças, contanto que elas não sejam excludentes a nenhum
público. E os jovens, como sempre, irão comandar essa verdadeira revolução
crente!
Para Inspirar
A experiência de quase-morte, também conhecida como EQM, pode deixar marcas profundas em que a viveu - mas lições igualmente profundas também
1 de Dezembro de 2023
No terceiro episódio da décima quarta temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história transformadora de Aline Borges, que viu a morte mais perto do que gostaria, mas que viveu também uma conexão profunda e eterna com o divino. É por isso que ela representa o pilar Espírito nessa nova edição.
Acometida por uma condição raríssima - a síndrome de Guillain-Barré -, a enfermeira lutou pela sua vida desde o diagnóstico, quando os primeiros atendimentos ainda a descredibilizavam e não legitimavam os seus sintomas. Depois, lutou pela sua vida em coma, período de quase duas semanas e um grande apagão.
Por fim, lutou pela sua vida quando, ao tentar ser extubada - procedimento comum que visa tirar o tubo respiratório do paciente e fazê-lo respirar de forma natural - ela sofreu uma parada cardíaca. E foi nesse momento que Aline embarcou numa jornada que, no mundo terreno, teve apenas um minuto, mas no mundo espiritual, durou uma vida inteira.
Sua experiência consistiu em, principalmente, conhecer a figura que hoje ela acredita ser Jesus. Mas, mais do que isso, ela conta ter sido capaz de ver a sua vida toda passar como um filme, sobretudo os erros, para que ela pudesse aprender. Aline ainda revela ter sido expostas a acontecimentos que só se dariam no futuro - e que de fato se concretizaram com o tempo.
O que a nossa participante viveu não é inédito, apesar de ser único à sua maneira para quem vive. Diversas pessoas relatam ter visitado “o lado de lá” durante uma experiência de quase morte, as EQMs. Contamos um pouco mais sobre elas aqui, esse fenômeno cada dia mais observado também pela ótica da ciência, e não só pela ótica do sagrado.
Mas, afinal, qual o ensinamento que essas experiências deixam para quem as vive? Fomos atrás de relatos que pudessem nos dar algumas pistas!
A jornalista Tatiana Ferraz escorregou na escada de casa. O que parecia um acidente doméstico limitado foi o começo de uma outra jornada: no hospital, foi constatado um aneurisma cerebral, muito provavelmente causado pela queda. Isso a levou para a mesa de cirurgia, onde a morte era uma possibilidade clara.
“Isso me modificou porque antes de entrar numa sala de cirurgia sabendo do risco, passa um filme na sua cabeça. Você lembra de tudo, lembra da infância, das pessoas, do marido, dos filhos. E isso faz com que, na hora que você acorda e vê que tudo passou e que você está bem e nada aconteceu, você olha pra tudo valorizando mais. Tudo poderia ter acabado, mas não acabou”, lembra.
No caso de Ferraz, não houve esse contato tão íntimo com o divino vivenciado por Aline. Mas houve um sonho. “Na véspera dessa cirurgia, eu sonhei com a minha mãe, que já é falecida. Ela veio no sonho, tocou meu coração e saiu andando. Eu acordei, lembrei muito desse sonho, imaginando que de onde quer que ela esteja, ela poderia me ajudar”, diz.
Para Tatiana, não é preciso que ninguém passe por essa experiência para valorizar mais a vida. “É uma vivência basicamente ruim, uma coisa de muito medo, angústia, apreensão. Mas ela ensina a ter paz, porque o que que tiver que acontecer, vai acontecer. É preciso esperar as coisas tomarem o seu rumo natural”, conclui.
Em um trecho de One More Time, música do trio californiano blink-182 que dá nome ao último álbum, o baixista e vocalista Mark Hoppus canta o seguinte trecho: “Eu gostaria que eles tivessem nos dito / Que não deveria ser preciso uma doença /
Ou aviões caindo do céu / Eu tenho que morrer para ouvir você dizer que sente minha falta? / Eu tenho que morrer para ouvir você dizer adeus?”.
A canção faz menção ao retorno da banda que, após algumas idas e vindas, resolveu entrar em uma turnê cuja essência é a nostalgia. Isso porque, mais do que uma banda, o trio é composto por amigos de longa data que se desencontraram em opiniões e preferências particulares. Esses desencontros não afetaram somente os rumos do grupo, como os rumos da amizade em si.
Mas, em 2021, Hoppus foi diagnosticado com um tipo de câncer sanguíneo gravíssimo e em estágio avançado. Depois de uma longa jornada de tratamentos e contrariando algumas expectativas médicas, ele se curou e voltou a tocar. Mas, melhor do que isso: voltou a tocar com o blink-182.
A sua experiência de quase-morte, afinal, pode não ter sido tão súbita quanto a de Aline e de Tatiana, mencionadas anteriormente. Uma doença ameaçadora de vida traz ensinamentos igualmente poderosos e há ainda o agravante de se estender por dias, meses, mantendo o enfermo nessa condição reflexiva que é sim, muito angustiante, mas igualmente transformadora.
“Para Hoppus, o ano passado não apenas aprofundou seu apreço por sua família e amigos, mas também o ensinou a lidar com o horror inesperado com humildade, graça, humor, e – esta é a novidade – um coração aberto que ainda está aprendendo a se sentir merecedor”, escreve Chris Gayomali, editor de artigos da GQ em sua entrevista com Mark Hoppus logo após a remissão de seu câncer.
“Pensei muito sobre minha própria mortalidade, pensei muito sobre o que aconteceria quando eu partir”, disse ele. “E então tenho ouvido 'Adam's Song' e pensei: Sim, amanhã haverá dias melhores”, conta Hoppus na mesma entrevista, fazendo menção a uma música mais antiga de blink-182 que fala justamente sobre a morte.
Vale dizer que o baterista da mesma banda, Travis Barker, também vivenciou uma experiência de quase morte em 2008, quando o jato particular em que ele voaria colidiu com um barranco ainda na decolagem, provocando um incêndio do qual somente ele e outro passageiro saíssem vivos. O acidente rendeu três meses de hospital, um livro de memórias com passagens marcantes sobre o acontecimento e mais de uma década sem voar.
Um de seus principais aprendizados foi, na verdade, uma conquista: largar o vício em remédios. “As pessoas estão sempre tipo, ‘Você foi para a reabilitação?’”, comentou o artista em conversa com a revista Men’s Health. “E eu [digo] ,‘Não, eu estava em um acidente de avião’. Essa foi a minha reabilitação. Perder três de seus amigos e quase morrer? Essa foi a minha chamada para despertar. Se eu não estivesse em um acidente, provavelmente nunca teria desistido”.
Hoje, superado o trauma, Travis olha para esses dias com profundo respeito, já que estar diante da morte de imediato o deu mais vontade de morrer. Ele conta que até mesmo ofereceu dinheiro para que terminassem com esse sofrimento e que a depressão na qual ficou mergulhado o fazia pensar no porquê de ter sobrevivido. E mesmo diante de toda essa carga emocional e física, ele conseguiu vencer o vício.
Uma reportagem do UOL Tab trouxe um relato impressionante e bonito de quase morte da jornalista Valéria Palma. Foi durante um acidente de carro, em 1991, que ela fez as pazes com a morte e realmente sentiu o momento chegar, ainda que ela tenha sobrevivido. "Foi o melhor momento da minha vida estar morta", conta ao site.
Na semana anterior, ela havia sonhado com um acidente de carro fatal. A lembrança desse sonho, que a tomou no momento em que estava presa às ferragens, soou como uma confirmação. “Senti que estava morrendo. Não era um raciocínio, mas uma consciência da morte. Percebi que estava indo embora", rememora.
Seu único desejo era que a família soubesse que ela estava bem. Mas ao pensar nisso, em seguida foi sugada para um túnel extremamente branco. Seu corpo, como conta a reportagem, deslizou suavemente pelo túnel, onde não havia ninguém, e se dividiu em partículas que foram se diluindo na luz. Por fim, tornou-se parte dele. Mergulhou sem medo na sensação de leveza, paz e plenitude e quis ficar ali para sempre”.
"Senti que a existência era aquilo. Como se o universo fosse aquele momento", recorda. Despertou numa maca do Hospital Municipal de Itanhaém, acreditando estar morta, pois não se viu voltando do túnel. Então ouviu vozes de dois médicos. "Ela acordou", disse um deles. Acabava ali a sua experiência de quase morte, experiência que a marcaria para sempre.
Apesar de não falar muito sobre o assunto, Valéria conta que a experiência de quase morte a acompanha o tempo inteiro — mesmo depois de 30 anos. Foi em um curso de tanatologia (estudo científico da morte), muitos anos depois, que ela ouviria pela primeira vez o termo EQM. Ela ainda conta que falar ajuda a afastar o desconforto inicial que o tema lhe causa.
Ela não interpreta a experiência como sendo religiosa, mas sim espiritual, “por não ser desse mundo” - relato muito parecido com o de Aline. Mesmo sem saber onde esteve, ela abre um sorriso quando diz que era maravilhoso. "Na hora, tive a percepção de que ali era a origem da vida. A morte parecia ser a origem de tudo. É dali que tudo nasce. Portanto, é para lá que tudo vai", contou ao UOL.
De lá para cá, ela trouxe o tema da morte à mesa e continua convivendo com a finitude. Há alguns anos foi voluntária na área de cuidados paliativos, que te contamos mais aqui, e também atua como terapeuta do luto. O segredo de não achar o trabalho pesado? Entender que partir é algo natural, uma viagem na qual todos nós embarcaremos.
Os relatos são infinitos, poderíamos trazer centenas deles aqui. Mas, o que parece comum a todos é uma sensação de gratidão que impera a todos que sobreviveram. Além disso, um outro ponto comum para aqueles que experimentaram “o lado de lá”, é retratá-lo como um lugar de paz, que dá vontade de ficar.
É certo que só saberemos o que há de fato na outra dimensão - se é que ela existe - quando a nossa hora chegar. Mas, fazer as pazes com a finitude pode ser um bom caminho para experimentar o que esses pacientes experimentaram sem ter que realmente correr risco de vida. Comece a praticar essa gratidão em estar vivo ainda hoje! Acredite: o amanhã não é garantido.
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